Eu tinha 11 anos quando li O Pequeno Príncipe pela primeira vez. Confesso que não entendi muito bem a mensagem, mas a partir daquele momento passei a buscar mais leituras. Naquela época, a biblioteca da escola - Margarida Lopes, em Camobi - tinha uma ficha do aluno, que registrava a retirada e entrega de livros. Preenchi muitas fichas, frequentava bastante aquele lugar. A leitura me deu facilidade nas aulas de redação. Foi ela que me ajudou a ser aprovada no vestibular da Universidade Federal e constar entre os sete primeiros colocados no Curso de Comunicação Social.
E a leitura, que muda as pessoas, que mudam o mundo, continua presente na minha vida. Há nove anos faço parte da Comissão Organizadora da Feira do Livro de Santa Maria, com a responsabilidade de planejar e executar a programação cultural do evento. Um desafio e tanto, considerando que a Feira é um dos maiores eventos da cidade. Um encontro multicultural que marca, ano a ano, não só o aniversário da Boca do Monte, mas deixa marcas nas pessoas que passam por aquela praça.
Em 2017, o então patrono da Feira do Livro, Marcelo Canellas, nos trouxe um presente: o Homem da Mala Azul, Maurício Leite. À época, ele ficou por 15 dias na cidade. Acompanhei ele nas formações com professores, nas escolas, nas conversas com estudantes durante as tardes na Praça. Me encantei, muitos se encantaram. Uma ideia simples, uma atitude que requer apenas vontade e uma possibilidade imensa de mudar realidades. Os livros trazem o conhecimento. É o conhecimento que nos dá o poder de decisão sobre nossas vidas. E isso faz toda a diferença: foram os livros que deram a Maurício a possibilidade de viajar pelo mundo, levando conhecimento, esperança e alegria e sua mala de livros para muitas comunidades que ficam longe, muito longe da tecnologia. No ano passado, implementamos, junto com Maurício, as Malas de Leitura em 12 escolas públicas de Santa Maria, ação que, capitaneada por ele, percorre o Brasil e o mundo. E que temos o privilégio de receber aqui.
E neste ano de 2019, temos a honra de ter como patrono da 46ª Feira do Livro Maurício Leite, um promotor de leitura que já tem sua marca e sua história na nossa cidade, mudando a nossa realidade com o incentivo à leitura em Santa Maria.
A Feira do Livro, muito mais do que vender exemplares de livros, tem a missão de formar leitores, de promover a leitura. Penso que esta função vai além da Praça Saldanha Marinho. E esse pode ser o grande diferencial da Feira do Livro da nossa Cidade Cultura, que envolve centenas de escolas e dezenas de instituições de ensino superior. Como muitas vezes ouvi o Homem da Mala Azul repetir, parafraseando Monteiro Lobato: quem mal lê, mal fala, mal ouve, mal vê.